Sistema Único de Saúde (SUS)
Linha de cuidado para atenção integral à saúde da pessoa idosa
A transição do perfil demográfico brasileiro é caracterizado por meio da mudança de perfil populacional, ou seja, observa-se que que a expectativa de vida dos brasileiros, segundo o IBGE, vem aumentando progressivamente, alcançando uma média de 75,72 anos de idade em 2016. Ainda, observa-se que o número de nascimentos encontra-se cada vez mais reduzindo, alterando a pirâmide etária populacional.
O envelhecimento saudável e ativo ganha destaque nesta proporção de mudança, pois manter um indivíduo sadio e funcional durante a terceira idade é fundamental para a qualidade da saúde destas pessoas. Em virtude disso, quando na sociedade apresentam-se idosos com alta capacidade funcional apresentando-se estáveis nas condições de saúde, é necessário focar as ações e cuidados na promoção de hábitos alimentares saudáveis, incentivar a realização da prática de exercícios físicos, controlar o consumo de álcool e evitar o tabagismo, promover a socialização e relações interpessoais nas comunidades, promover acesso qualificado aos serviços de saúde, além de outras estratégias que beneficiem este público.
Quando o idoso encontra-se debilitado, com alguma condição de saúde que repercute no declínio ou perca de capacidades, há necessidade de ofertar ações que quebrem barreiras de acesso a essa população, promovendo cuidado a longo prazo, envolvendo familiares próximos para incentivar no cuidado, além de respeitar e incentivar que o idoso busque autonomia, vencendo e superando suas limitações.
Desta maneira, o Ministério da Saúde (MS) orienta na Linha de cuidado à pessoa idosa, que haja uma compreensão multidimensional para avaliar e identificar as necessidades e especificidades de cada pessoa idosa, do ponto de vista clínico, psicossocial e funcional.
Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa
Uma das ferramentas para promover a avaliação multidimensional é por meio da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, que permite o acompanhamento longitudinal e o controle de condições crônicas como a hipertensão arterial e o diabetes mellitus, bem como de seus fatores de risco. Também é possível monitorar dados antropométricos como peso, índice de massa corporal e o perímetro da panturrilha.
Outro aspecto importante da Caderneta é a orientação dos indivíduos para o autocuidado, na medida em que a pessoa idosa pode visualizar e registrar sua própria trajetória de saúde, tomando decisões para alterá-la ou mantê-la da melhor forma possível. Aos familiares e cuidadores, a Caderneta oferece um recurso importante para a qualificação do cuidado diário, chamando a atenção para a prevenção de doenças e agravos, com orientações sobre prevenção de quedas, vacinação, alimentação saudável, saúde sexual e bucal, entre outros pontos relevantes.
Perfis de funcionalidade
A funcionalidade dos indivíduos é dividida em níveis, para que possamos identificar o comprometimento ou não das habilidades funcionais de cada idoso. Desta maneira, o perfil funcional é dividido em:
Pessoas idosas dependentes e autônomas: pessoas idosas que realizam suas atividades de forma independente e autônoma, sem necessidade de ajuda de terceiros e de nenhum tipo de adaptação ou modificação. Ou seja, realizam as atividades básicas internas e externas sem o auxílio de outros.
Pessoas idosas com necessidade de adaptação ou supervisão: idosos que realizam as atividades com algum tipo de modificação ou de forma diferente do habitual ou mais lentamente. Ainda, podem necessitar de alguma adaptação que permita a execução das atividades, como o uso de lentes ou de lupas para leitura, de um aparelho auditivo ou de outros tipos de órteses e próteses. Também este perfil enquadra por vezes, quando há necessidade do auxílio de outra pessoa para a atividade ser realizada, mas a própria pessoa idosa a realiza, isto é, outra pessoa participa em alguma etapa, realiza algum preparo ou supervisiona a atividade.
Pessoas dependentes de terceiros: pessoas idosas que não realizam as atividades diárias sozinhas e encontram-se totalmente dependentes de terceiros para realizá-las. Elas não participam de nenhuma etapa da atividade e há a presença de terceiros com a necessidade de contato físico para realizá-las, como por exemplo, dar banho, vestir, alimentar, mudar de decúbito, fazer a transferência da cama para a cadeira ou vice-versa, entre outras.
Sinais de alerta que comprometem a capacidade funcional
Alguns são os sinais que indicam quando o declínio funcional esta próximo e dentre eles encontram-se as seguintes situações:
- Multimorbidades: ocorrência de dois ou mais problemas de saúde, doenças crônicas físicas ou mentais, de forma simultânea em um indivíduo;
- Polifarmácia: é o uso concomitante e rotineiro de 4 ou mais medicamentos (com ou sem prescrição médica);
- Internações recentes (mais de duas internações nos últimos seis meses);
- Incontinência esfincteriana;
- Quedas recorrentes (duas ou mais nos últimos 12 meses);
- Alteração de marcha e equilíbrio;
- Comprometimento cognitivo (perda de memória, desorientação espacial e temporal…);
- Isolamento social;
- Insuficiência familiar;
- Suspeitas de violência;
Desta maneira, torna-se importante que os familiares mais próximos dos idosos fiquem atentos, buscando auxilio quando sentir necessidade, para poder contribuir no processo de envelhecimento saudável com o mínimo de danos.
Referência |
Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégias. Orientações e técnicas para a implementação da linha de cuidado para atenção integral à saúde da pessoa idosa no Sistema Único de Saúde – SUS. Brasília – DF, 2018. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/linha_cuidado_atencao_pessoa_idosa.pdf |